quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Petrolina PE / Juazeiro do Norte CE

Estou rodando no temível “Poligono da Maconha”... Calma gente, hoje em dia é mais fama que realidade!
Segundo os colegas da PRF, com quem tenho trocado umas idéias a cada posto fiscal, a região já foi bem pior: “Terra de ninguém”. Quando o tráfico tomou conta da estrada (BR 116, principalmente), entre cidades como Cabrobó, Floresta, Salgueiro e Belém do São Francisco. “Naquela época... Vixe Maria... Até puliça tinha medo!” Me relatou Tonhinho, simpático frentista que falava sem parar enquanto deixava a gasolina respingar no tanque da moto! Fazer o quê... Mas, agora o problema é outro, continua Tonhinho: “ Us viado tão tomando di conta...” Reclama o frentista, meio de gracejo. Conta que em Serra Talhada tem Parada Gay e fretam até ônibus pra ir... Cai na gargalhada!
Mas tem muita coisa mudando realmente, no Nordeste que conheci de outros tempos.  Fora o trecho ruim de estrada na Bahia, tenho rodado por rodovias muito bem cuidadas. A maioria com capas novas de asfalto. Brejo Santo, por exemplo, uma cidadezinha cearense de beira de estrada, conta com um ótimo serviço de apoio ao viajante, com um moderno posto de gasolina, lojinha de conveniências e uma churrascaria classe A, logo do lado. Coisa impensável no interior nordestino de outrora... Por outro lado, ainda restam algumas cidades abandonas, esquecidas pelo tempo, como Cabrobó. Suja, feia, com bastante lixo na rua, onde os porcos fazem a festa e por aí vai... Acho que melhorou muito, mas ainda não é para todos.
Outra coisa que chama atenção são as casinhas de sapê, a beira da estrada. Muito simples e pobres, mas a maioria tem sobre seu teto mal formado de telhas velhas, pelo menos uma antena parabólica. Sério! Com o programa de eletrificação rural, hoje em dia todos tem TV. Mesmo que tenham que pagar a conta de luz com o bolsa escola do Lula.
Mas, voltando à minha viagem, estou em Juazeiro do Norte CE, terra de “meu padin pade Ciço”, como diria Zeca Diabo, de O Bem Amado. Saí por volta das 9h de Petrolina, depois de mais um giro na cidade, tentando achar a casa da Ana das Carrancas. Não achei. Isso é, achei, mas estava fechado. Infelizmente esse riquíssimo artesanato, típico do São Francisco, já não está mais tão em evidencia por lá.
Passei por cabrobó, entre cabras e porcos, depois Salgueiro. Almocei em Brejo Santo. Diga-se de passagem que hoje quis revolucionar. Nos últimos três dias venho comendo bode. Assado, guisado, frito, em bolinhos, etc. Hoje rompi com esse tipo de carne. Comi carneiro. E tava bãooo, também! Acho que amanhã faço diferente: comerei cabra.
Peguei chuva grossa entre Brejo Santo e Juazeiro. Cheguei encharcado. Tive preguiça de vestir a capa. A cidade é centro de romarias, principalmente no feriado de finados. Então, tive dificuldade de arrumar hotel. Acabei no “top” da cidade. Negociei o quarto por 130 tostões. Estava cansado para procurar mais barato, e com calças e botas molhadas...
Amanhã subirei a linda serra à frente de meu Hotel Panorama, para visitar a famosa estatua do Padre Cícero. Não sou religioso, como sabem, mas a religião, bem como os milagres do velho padre, são parte muito importante desse povo e estão impregnadas na cultura da região. Depois parto para Cajazeiras, terra de seu Assis e Dona Salet.
Até amanhã.

A rusticidade de Cabrobó

 Mais um jumentinho à beira da estrada

Não sei o que tanto essas cabras comem no asfalto



A casa é velhinha, mas sempre tem uma CG descansando à sombra 

 Casinhas de sapê com parabolicas no teto

Uma rapida visita aos colegas da Justiça Federal de Pernamboco

2 comentários:

  1. Na próxima parada pede sushi e sashimir de bode ou saruê!!!!kkkkk

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  2. É velhinho,
    Uma viagem dessas faz o cara pensar muito antes de reclamar da vida que leva, ainda bem que tu é um cabra rústico. Belos relatos.

    Abraço.
    Zael-ABNEGADOS/MC

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